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CONJUNTO SANTA ROSA 2

 

Holcim Awards  é uma premiação com objetivo  de reconhecer projetos inovadores, sustentáveis e com visão de futuro. Horizontes participou da premiação em 2008 com o projeto de habitação social Conjunto Santa Rosa 2.

Texto:

Horizontes Arquitetura e Maria Elisa Baptista,

Projeto:

Horizontes Arquitetura, Natália Batista Botelho e Matheus Melo.

O principal aspecto do projeto é a participação, desde a concepção, dos futuros moradores. Para enfrentar o enorme desafio do déficit habitacional brasileiro (80% dos 185 milhões de habitantes vivem nas cidades; trinta milhões moram em condições de extrema pobreza e precariedade; a população cresce duas vezes mais rápido que a capacidade de produção de habitações populares) é preciso garantir o direito à cidade e o acesso aos serviços urbanos públicos, criar condições de vida saudáveis e dignas e reverter as condições de exclusão e miséria.

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O projeto alia a produção de habitação à geração de trabalho e renda e à organização popular, qualificando a participação dos usuários em todo o processo de decisão e produção. Foram estabelecidas instâncias de decisão colegiada, paralelas a oficinas de capacitação e entendimento das variáveis de projeto, orçamento e execução (possibilidades e limitações do terreno; exigências técnicas, financeiras e legais; desejos e demandas da comunidade).

São cinqüenta famílias, inscritas no Orçamento Participativo da Habitação da Prefeitura de Belo Horizonte (garantindo acesso a terra urbanizada e à assessoria profissional de arquitetos, engenheiros, advogados e técnicos sociais) e selecionadas pelo Programa de Crédito Solidário do Governo Federal (acessando financiamento viável para execução das obras).

O programa arquitetônico é semelhante em todas as unidades, mas as dimensões e o arranjo espacial atendem a modos de morar variados, permitindo flexibilidade de uso e modificações futuras. A área de serviços funciona como extensão da cozinha e também como varanda, podendo se articular à sala, além de ser usada como espaço para atividades de geração de renda. A cozinha, integrada à sala, amplia o espaço, podendo ser fechada conforme o desejo de cada morador. Os apartamentos térreos compensam sua menor privacidade com o ganho dos quintais privativos ao longo das divisas; os apartamentos superiores utilizam a cobertura como terraço privativo, substituindo o quintal; e os andares intermediários ganham

quartos estendidos

. A disposição dos blocos e as escadas abertas propiciam segurança e vitalidade nos espaços de convívio.

A opção pelo sistema construtivo em alvenaria estrutural considera seu alto padrão tecnológico e padronização, fatores de racionalização construtiva e redução de desperdício, além de ser um elemento de grande alcance pedagógico no aprendizado de técnicas construtivas. A solução formal traduz padrões culturais típicos das cidades brasileiras, em escala adequada à manutenção da qualidade urbana.

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O projeto, resultado do entrosamento entre prefeitura, comunidade e técnicos, demonstra a viabilidade de se alcançar qualidade arquitetônica com baixo orçamento, aliando participação popular, tecnologia construtiva e soluções espaciais inovadoras.

1 - Inovação e capacidade de transferência

O processo de projeto e execução participativo divulga eficientes soluções técnico-construtivas de baixo custo e um sistema multiplicável de soluções articuláveis, combináveis e intercambiáveis, além de popularizar formas de expressão e representação arquitetônicas acessíveis aos leigos. O sistema construtivo adotado alia a maneira tradicional de construir da região, em tijolos cerâmicos, à inovação dos blocos e lajes em concreto pré-moldado, modulados e articulados em componentes que evitam desperdício, racionalizam a obra e não exigem equipamentos pesados. A capacidade multiplicadora do projeto reside na identificação da qualidade arquitetônica e urbana com o envolvimento dos moradores e a assessoria técnica multidisciplinar.

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2 – Padrões éticos e equidade social

O resultado imediato do projeto é a produção da habitação em sistema de autogestão, a partir da capacitação de usuários e técnicos e do uso de novos programas de financiamento público, com o fortalecimento das associações comunitárias. As dinâmicas interativas objetivam a inclusão digital e o exercício da cidadania, exigindo resposta dos setores técnicos e públicos. O empreendimento, executado em regime de mutirão, com treinamento remunerado dos moradores, atua também como capacitação profissional, gerando, no médio prazo, melhoria das condições de vida da população atendida e inserção no mercado de trabalho através dos ofícios aprendidos. O planejamento compartilhado amplia a o envolvimento coletivo com as condições de salubridade, segurança, durabilidade e legalidade da habitação.

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3 – Uso eficiente de recursos naturais e conservação de energia

A implantação de pequenos conjuntos em vazios urbanos centrais aproveita infra-estrutura instalada e reduz deslocamentos da população. A racionalidade construtiva reduz o impacto ambiental e a modulação estrutural e tecnologias padronizadas aumentam a performance dos materiais e evitam desperdício. Ambientes com ventilação cruzada, varandas e terraços sombreados e quintais verdes contribuem para diminuir acúmulo de calor e melhorar o micro clima.

4 – Desempenho econômico e compatibilidade

Soluções criativas de projeto, modulação e padronização de componentes viabilizam dentro do pequeno orçamento disponível espaços de qualidade arquitetônica e urbana, e reduzem os custos de execução e manutenção. As instalações técnicas em painéis externos simplificam os procedimentos de verificação e manutenção, reduzindo conflitos condominiais.

5 – Impacto estético e adequação ao contexto

A solução formal, alcançando densidades compatíveis com o custo da terra, gera volumes elegantes integrados à paisagem urbana. Suas varandas, terraços, passarelas e escadas abertas privilegiam o espaço público, aumentam a permeabilidade e intensificam as relações sociais, com alta qualidade estética.

Implantação

blocos 1,2,3,4: 1º pavimento (quintal)

blocos 1,2,3,4: 2º e 3º pavimento (quarto estendido)

blocos 1,2,3,4: 4º pavimento  

blocos 1,2,3,4: 5º pavimento (terraço privativo) 

blocos 1,2,3,4: corte transversal

blocos 5,6: 1º pavimento (quintal

blocos 5,6:  2º e 3º pavimentos (quarto estendido)  

blocos 5,6:  4º pavimento (duplex)

blocos 5,6:  5º pavimento (duplex)